"Então, erguendo-se Jesus e não vendo a ninguém senão a mulher, perguntou-lhe: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou? Respondeu ela: Ninguém, Senhor. E disse-lhe Jesus: Nem eu te condeno; vai-te, e não peques mais" (João 8:10, 11).O tumulto podia ser ouvido a um quarteirão dali, interrompendo o pacífico entardecer da cidade.
"Adúltera!", acusam-na. "Apanhada em flagrante!"
Mas por quem? E por quê?
Os mestres e fariseus pedem que se cumpra a Lei, e querem a pena de morte. Mas para que uma pessoa sofra a pena de morte, a Lei exige que haja pelo menos duas testemunhas. Testemunhas para o ato de adultério. Pode o leitor imaginar a cena? Fariseus que sussurram e espionam, espreitando curiosos à janela da casa onde estava aquela mulher. Por quanto tempo ficaram ali? O quanto teriam visto? Não estariam seus corações igualmente cheios de adultério ao espreitá-la naquele lugar de encontros clandestinos? No mínimo dois testemunharam o ato. Embora sem escrúpulos pelo pecado, e nenhuma compaixão pelo pecador.
Quando já haviam visto o suficiente, esses protetores da moralidade arrombaram a porta do quarto onde ela estava nua e indefesa. Debatia-se, enquanto eles lutavam para subjugá-la. Enfiaram-lhe as roupas como se fosse um animal capturado num saco, e esperneando e gritando foi levada à praça do mercado. Chegou assim ao templo. Arrancada da privacidade de um abraço roubado e lançada à vergonha pública.
Isto, pensava, é o fim. Seu destino sempre ligado ao dos homens. Das mãos deles havia recebido o pão. Agora, pedras.
Lá está ela, sombria e calada, o olhar de ódio. A cada olhar, retorna outro, vindo de cada um que a cerca, devolvendo-lhe o ódio incandescente que marca sua alma.
Todos a encaram, exceto Jesus. Enquanto isso, onde está o seu amante? Permitiram-lhe que escapasse pela janela, com o apoio das testemunhas? Sem dúvida, fazia parte da conspiração . . . a conspiração de apanhar Jesus numa armadilha. Pois não era a mulher que eles queriam destruir, nem tão pouco era a Lei que queriam preservar.
Ela era apenas a isca; as perguntas que faziam, eram a mola da armadilha.
Mais de uma vez Jesus demonstrara compaixão pelos pecadores. No entanto, a Lei de Moisés é inflexível e imparcial para com eles. Se os líderes religiosos queriam, de algum modo, colocar Jesus entre a sua lealdade às tábuas da Lei e o seu imperturbável amor pelos pecadores, certamente isso mostraria a todos de que lado estava Jesus.
Se a escolhesse, raciocinavam, e Ele naturalmente o faria, estaria renunciando à Lei. Teriam uma justificativa para acusá-lo perante o Sinédrio. A pergunta que usaram para lançar a armadilha não era de natureza teórica, como por exemplo: "Qual das esposas ela será após a ressurreição?" E questão de vida e de morte, da qual dependia não somente a sorte dessa mulher, mas também o destino de Jesus Cristo.
Para desapontamento dos líderes, Jesus não entra no debate.
Simplesmente, abaixa-se e concentra-se em pensamentos. O silêncio é impressionante; o drama, intenso. Com os dedos, ele escreve na areia. As cabeças inclinam-se para decifrar a escrita. Permanecerá para sempre um mistério. Talvez fosse a respeito dos pecados cometidos pelo povo. Talvez fosse uma citação de Moisés. Talvez escrevesse os nomes dos líderes preeminentes da cidade. O que quer que tenha sido, não foi para os nossos olhos, apenas para quem estava lá. Jesus levanta-se.
Todos os olhos fixam-se nele.
Por fim, responde: "Aquele que dentre vós está sem pecado, seja o primeiro a lhe atirar uma pedra".Uma a uma, as pedras caíram ao chão. E um a um, afastaram-se dali. Começando pelos mais velhos, talvez por serem os mais sábios . . . ou, quem sabe, os mais culpados.
Jesus abaixa-se para escrever novamente. Desta vez, apenas para a mulher. Estão sós, agora - transgressor e legislador.
E o único qualificado para condená-la, não o faz. Ela dá um longo suspiro. O coração palpitando como uma mariposa presa entre as mãos. O Salvador enfrentou a todos por ela, e lutou por ela. Ela é a vitória Dele. Levanta-se novamente, desta vez para libertá-la:
"Ninguém te condenou?" pergunta. Ao que ela responde num tímido balbuciar: "Ninguém, Senhor".
Quieta, ela aguarda. Com certeza, ele lhe preparava um sermão. Mas não houve sermão algum. O que ouve foram palavras de graça:
"Nem eu também te condeno", e palavras de verdade: deveria deixar para trás a vida de pecados. O tremor diminui. As feições abrandam-se. As rugas da testa se desfazem. Devo ficar? Devo perguntar alguma coisa?Devo agradecer-lhe? As dúvidas percorrem sua mente. Olha-o. O semblante está se descontraindo. Para ele também havia sido uma provação. Respira fundo, e seu sorriso parece dizer:
"Vai, você está livre agora". Abre a boca para dizer algo.
Mas as palavras não vêm. Afasta-se, e antes de dobrar a esquina, pára. . . pensa. . . e olha para trás a fim de agradecer-lhe. Mas Jesus está sentado, com a face apoiada nas mãos, orando ao Pai. Volta-se e então segue seu caminho, deixando para trás uma vida de pecado. Não há lágrimas agora. Anos mais tarde, haverá. Em alguns momentos durante o dia, quando olhar para os filhos adormecidos em seus leitos;
ao despedir-se do marido quando este sair para o trabalho, de manhã; ao amassar pão na solidão da cozinha. Um casamento que não deveria ter sido realizado. . . uma família que não deveria ter tido. . . uma vida que não deveria ter vivido.
Estava diante do Salvador. Um Salvador que enfrentara a todos quando queriam lançar-lhe pedras. Um Salvador que condescendeu em acolhê-la e enviá-la novamente ao seu caminho, perdoada.
"Adúltera!", acusam-na. "Apanhada em flagrante!"
Mas por quem? E por quê?
Os mestres e fariseus pedem que se cumpra a Lei, e querem a pena de morte. Mas para que uma pessoa sofra a pena de morte, a Lei exige que haja pelo menos duas testemunhas. Testemunhas para o ato de adultério. Pode o leitor imaginar a cena? Fariseus que sussurram e espionam, espreitando curiosos à janela da casa onde estava aquela mulher. Por quanto tempo ficaram ali? O quanto teriam visto? Não estariam seus corações igualmente cheios de adultério ao espreitá-la naquele lugar de encontros clandestinos? No mínimo dois testemunharam o ato. Embora sem escrúpulos pelo pecado, e nenhuma compaixão pelo pecador.
Quando já haviam visto o suficiente, esses protetores da moralidade arrombaram a porta do quarto onde ela estava nua e indefesa. Debatia-se, enquanto eles lutavam para subjugá-la. Enfiaram-lhe as roupas como se fosse um animal capturado num saco, e esperneando e gritando foi levada à praça do mercado. Chegou assim ao templo. Arrancada da privacidade de um abraço roubado e lançada à vergonha pública.
Isto, pensava, é o fim. Seu destino sempre ligado ao dos homens. Das mãos deles havia recebido o pão. Agora, pedras.
Lá está ela, sombria e calada, o olhar de ódio. A cada olhar, retorna outro, vindo de cada um que a cerca, devolvendo-lhe o ódio incandescente que marca sua alma.
Todos a encaram, exceto Jesus. Enquanto isso, onde está o seu amante? Permitiram-lhe que escapasse pela janela, com o apoio das testemunhas? Sem dúvida, fazia parte da conspiração . . . a conspiração de apanhar Jesus numa armadilha. Pois não era a mulher que eles queriam destruir, nem tão pouco era a Lei que queriam preservar.
Ela era apenas a isca; as perguntas que faziam, eram a mola da armadilha.
Mais de uma vez Jesus demonstrara compaixão pelos pecadores. No entanto, a Lei de Moisés é inflexível e imparcial para com eles. Se os líderes religiosos queriam, de algum modo, colocar Jesus entre a sua lealdade às tábuas da Lei e o seu imperturbável amor pelos pecadores, certamente isso mostraria a todos de que lado estava Jesus.
Se a escolhesse, raciocinavam, e Ele naturalmente o faria, estaria renunciando à Lei. Teriam uma justificativa para acusá-lo perante o Sinédrio. A pergunta que usaram para lançar a armadilha não era de natureza teórica, como por exemplo: "Qual das esposas ela será após a ressurreição?" E questão de vida e de morte, da qual dependia não somente a sorte dessa mulher, mas também o destino de Jesus Cristo.
Para desapontamento dos líderes, Jesus não entra no debate.
Simplesmente, abaixa-se e concentra-se em pensamentos. O silêncio é impressionante; o drama, intenso. Com os dedos, ele escreve na areia. As cabeças inclinam-se para decifrar a escrita. Permanecerá para sempre um mistério. Talvez fosse a respeito dos pecados cometidos pelo povo. Talvez fosse uma citação de Moisés. Talvez escrevesse os nomes dos líderes preeminentes da cidade. O que quer que tenha sido, não foi para os nossos olhos, apenas para quem estava lá. Jesus levanta-se.
Todos os olhos fixam-se nele.
Por fim, responde: "Aquele que dentre vós está sem pecado, seja o primeiro a lhe atirar uma pedra".Uma a uma, as pedras caíram ao chão. E um a um, afastaram-se dali. Começando pelos mais velhos, talvez por serem os mais sábios . . . ou, quem sabe, os mais culpados.
Jesus abaixa-se para escrever novamente. Desta vez, apenas para a mulher. Estão sós, agora - transgressor e legislador.
E o único qualificado para condená-la, não o faz. Ela dá um longo suspiro. O coração palpitando como uma mariposa presa entre as mãos. O Salvador enfrentou a todos por ela, e lutou por ela. Ela é a vitória Dele. Levanta-se novamente, desta vez para libertá-la:
"Ninguém te condenou?" pergunta. Ao que ela responde num tímido balbuciar: "Ninguém, Senhor".
Quieta, ela aguarda. Com certeza, ele lhe preparava um sermão. Mas não houve sermão algum. O que ouve foram palavras de graça:
"Nem eu também te condeno", e palavras de verdade: deveria deixar para trás a vida de pecados. O tremor diminui. As feições abrandam-se. As rugas da testa se desfazem. Devo ficar? Devo perguntar alguma coisa?Devo agradecer-lhe? As dúvidas percorrem sua mente. Olha-o. O semblante está se descontraindo. Para ele também havia sido uma provação. Respira fundo, e seu sorriso parece dizer:
"Vai, você está livre agora". Abre a boca para dizer algo.
Mas as palavras não vêm. Afasta-se, e antes de dobrar a esquina, pára. . . pensa. . . e olha para trás a fim de agradecer-lhe. Mas Jesus está sentado, com a face apoiada nas mãos, orando ao Pai. Volta-se e então segue seu caminho, deixando para trás uma vida de pecado. Não há lágrimas agora. Anos mais tarde, haverá. Em alguns momentos durante o dia, quando olhar para os filhos adormecidos em seus leitos;
ao despedir-se do marido quando este sair para o trabalho, de manhã; ao amassar pão na solidão da cozinha. Um casamento que não deveria ter sido realizado. . . uma família que não deveria ter tido. . . uma vida que não deveria ter vivido.
Estava diante do Salvador. Um Salvador que enfrentara a todos quando queriam lançar-lhe pedras. Um Salvador que condescendeu em acolhê-la e enviá-la novamente ao seu caminho, perdoada.
Quando Jesus decidiu lutar por aquela mulher, ELE não se colocou a favor do que ela fez de errado como muitos fazem nos dias atuais. Não está registrado o que levou aquela mulher a trair o seu marido, Jesus porém apesar de saber; estava mesmo interessado no que aquela mulher poderia ser apartir daquele momento.
Resta-nos apenas acolher os perdoados por Jesus, dá-lhes uma segunda oportunidade para fazerem o que Jesus determinou: ..."vai-te, e não peques mais".
Oração: Amado Senhor jesus, Confesso, envergonhado, que algumas vezes já estive no banco dos réus, como condenado. E houve vezes em que estive entre a multidão, condenando.
Houve vezes em que meu coração se encheu com o espírito do adultério. E houve vezes em que minhas mãos estiveram cheias de pedras. Perdoa-me por um coração tão propenso a divagar, tão rápido a esquecer os votos feitos a ti. Perdoa-me, também, pela minha pressa em trazer a ti os erros dos outros. E a minha relutância em trazer os que dizem respeito a mim. Perdoa-me as vezes em que, como um fariseu, tive a presunção de colocar-me como juiz de outros. Outros, aos quais eu não estava qualificado para julgar. Outros, que tu, embora qualificado, te recusaste a julgar. Ajuda-me a aumentar minha semelhança contigo, ó Jesus cheio de graça e verdade. Ajuda-me a viver não pela Lei, mas pela graça, pelo espírito de compaixão que demonstraste por aquela mulher, há tantas manhãs passadas. Dá-me, peço-te, a consciência aguçada dos mais velhos quando encarar os erros de outros, de modo que minhas mãos sejam as primeiras a derrubar pedras ao chão, e meus pés os primeiros a deixar o círculo dos que se achavam perfeitos. Graças te dou por aquelas doces palavras de amor: "Nem eu te condeno". Palavras que fluíram tão livremente dos teus lábios. Palavras que, com muita frequência, tenho ouvido a cada vez que erro. E, na força daquelas imerecidas palavras, ajuda-me a seguir o meu caminho e não pecar mais. . .
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Oração: Amado Senhor jesus, Confesso, envergonhado, que algumas vezes já estive no banco dos réus, como condenado. E houve vezes em que estive entre a multidão, condenando.
Houve vezes em que meu coração se encheu com o espírito do adultério. E houve vezes em que minhas mãos estiveram cheias de pedras. Perdoa-me por um coração tão propenso a divagar, tão rápido a esquecer os votos feitos a ti. Perdoa-me, também, pela minha pressa em trazer a ti os erros dos outros. E a minha relutância em trazer os que dizem respeito a mim. Perdoa-me as vezes em que, como um fariseu, tive a presunção de colocar-me como juiz de outros. Outros, aos quais eu não estava qualificado para julgar. Outros, que tu, embora qualificado, te recusaste a julgar. Ajuda-me a aumentar minha semelhança contigo, ó Jesus cheio de graça e verdade. Ajuda-me a viver não pela Lei, mas pela graça, pelo espírito de compaixão que demonstraste por aquela mulher, há tantas manhãs passadas. Dá-me, peço-te, a consciência aguçada dos mais velhos quando encarar os erros de outros, de modo que minhas mãos sejam as primeiras a derrubar pedras ao chão, e meus pés os primeiros a deixar o círculo dos que se achavam perfeitos. Graças te dou por aquelas doces palavras de amor: "Nem eu te condeno". Palavras que fluíram tão livremente dos teus lábios. Palavras que, com muita frequência, tenho ouvido a cada vez que erro. E, na força daquelas imerecidas palavras, ajuda-me a seguir o meu caminho e não pecar mais. . .
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