Com base em I Samuel 28, os espíritas costumam tirar as seguintes conclusões:
- A Bíblia afirma que é possível comunicar-se com o espírito de pessoas falecidas;
- Deus permite a consulta aos mortos. Este não é um pecado tão grave;
- Os mortos podem ajudar aos vivos.
E agora? Como contestar estas versões? Quem apareceu de fato? O profeta Samuel? Um espírito demoníaco? Ou tudo não passou de uma fraude
Esta passagem bíblica tem sido muito usada pelos espíritas, na tentativa de legitimar a doutrina de comunicação entre vivos e mortos. Em defesa da fé cristã, apresentamos a seguinte análise, que não difere muito de tantos outros argumentos apresentados por estudiosos e comentaristas da Bíblia Sagrada.
1. DEUS NÃO RESPONDE MAIS AO REI SAULBem antes de Saul tentar falar com Samuel via feiticeira, a graça de Deus fora tirada de sua vida. Por sua desobediência no caso dos despojos dos amalequitas, o Senhor o repreendeu duramente porque a rebelião é como pecado de feitiçaria... Porquanto tu rejeitaste a palavra do SENHOR, ele também te rejeitou a ti, para que não sejas rei (1 Sm 15.10-31).
Por sua rebeldia, Saul ficou entregue à influência demoníaca (1 Sm 16.14). A partir daí, perdeu o controle, foi tomado por ódio, inveja e ciúmes. Na sua fúria descontrolada, tentou matar Davi por mais de uma vez (1 Sm 18.9-12; 18.17; 19.1). Ele próprio declarou, desolado: Deus se tem desviado de mim e não me responde mais... (1 Sm 28.15).
Quanto a Deus não responder a pecadores, a Bíblia diz: Eis que a mão do SENHOR não está encolhida, para que não possa salvar; nem o seu ouvido, agravado, para não poder ouvir. Mas as vossas iniqüidades fazem divisão entre vós e o vosso Deus, e os vossos pecados encobrem o Seu rosto de vós, para que não vos ouça (Is 59.1-2). O egoísmo, a cobiça, o ciúme e a desobediência endureceram o coração de Saul de forma irreversível. Ele sentiu o desamparo de Deus. As condições para que Deus ouvisse a Saul seria que ele orasse, buscasse verdadeiramente a Sua face, e se arrependesse com sinceridade de seus maus caminhos (2 Cr 7.14).
Porém, como um abismo chama outro abismo (Sl 42.7), Saul, num último e desesperado gesto de desobediência, resolveu apelar para uma feiticeira na tentativa de falar com o profeta Samuel, já morto. Ora, tal expediente é condenado por Deus na Sua palavra: Não haja no teu meio quem faça passar pelo fogo o filho ou a filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro, nem encantador, nem necromante, nem mágico, nem quem consulte os mortos. O Senhor abomina todo aquele que faz essas coisas... (Dt 18.10-12). (grifo nosso)
Nessa proibição não foi usada a palavra espiritismo porque esta só surgiu com o advento do Kardec ismo. Todavia, a idéia está subjacente. Quando vos disserem: Consultai os médiuns e os feiticeiros, que chilreiam e murmuram entre dentes, respondei: Acaso não consultará um povo a seu Deus? Acaso a favor dos vivos se consultarão os mortos (Is 8.19). O envolvimento com médiuns ou necromantes leva à condenação (Is 8.20-21), origina contaminação (Lv 19.31; 20.6).
Saul insistiu em ouvir a Deus por intermédio do profeta Samuel, que já havia morrido. Então, procurou uma feiticeira, uma necromante, uma mulher que incorporasse o espírito do profeta, uma mulher com dons mediúnicos: Buscai-me uma necromante, para que eu vá a ela e a consulte (1 Sm 28.7-a). Deus estaria sendo incoerente com Sua palavra se atendesse aos caprichos de Saul. Aqui surge a primeira evidência da impossibilidade de haver Samuel se apresentado na sessão espírita sob análise. Para lembrar: Em favor dos vivos consultar-se-ão os mortos? (Is 8.19). Logo, Deus não iria validar ou legitimar uma prática por Ele próprio condenada.
Além disso, uma das causas da morte de Saul foi por haver consultado a feiticeira de En-Dor (cidade da tribo de Manasses), conforme 1 crônicas 10.13-14. Não há como imaginar uma sessão espírita sendo enriquecida e abençoada com a presença de um mensageiro de Deus. Se consolidada e permitida tal prática, não precisaríamos mais buscar o Senhor. Em situações difíceis, cairíamos aos pés de uma feiticeira ou médium, e diligentemente se apresentariam a nós os santos servos do Senhor já mortos. Então, a Bíblia iria para o lixo e passaríamos a observar outro evangelho, quem sabe, O Evangelho Segundo o Espiritismo!
2. UMA SESSÃO ESPÍRITA CHEIA DE MENTIRA E ENGANOEm primeiro lugar, Saul demonstrou ser um hipócrita: mandara eliminar todas as feiticeiras e agora vai a uma feiticeira (1 Sm 28.3,9). Segundo, ele se disfarçou e vestiu outras vestes, desejando negar sua identidade (v.8); usou falsamente o nome do Senhor, jurando por Ele (v.10). Terceiro, a feiticeira primeiramente disse que viu a Samuel (v. 12), depois, que viu deuses que sobem da terra (v.13); depois, já não eram deuses nem Samuel, mas um ancião envolto numa capa (v.14). Quarto, diante dos personagens apresentados, Saul entendeu que Samuel estava ali à vista da feiticeira vidente (v.14). Por outro lado, a primeira fala de Samuel é de insatisfação: Por que me inquietaste fazendo subir? (v.15). Dois pontos devem ser analisados nessas palavras. Primeiro, se Deus permitira a vinda de Samuel, como Seu mensageiro, como querem os espíritas, o profeta deveria cumprir com alegria a missão confiada, e não se mostraria insatisfeito. Segundo, o entendimento é que quem comandou a subida de Samuel não foi Deus, mas o pecador Saul. O ancião envolto numa capa declarou que Saul o fez subir (v.15). O santo de Deus, o profeta Samuel, estaria à disposição de uma feiticeira e de um rei pecador, a quem Deus não mais respondia. Devemos nos lembrar que a Bíblia sempre fala que o inferno está em baixo, e o céu, em cima. Mas esse Samuel subiu, veio de baixo!
Outra pergunta de Samuel merece ser comentada: Por que, pois, a mim me perguntas, visto que o Senhor te tem desamparado e se tem feito teu inimigo? (1 Sm 28.16). Ora, se Deus havia se ausentado de Saul; se este já estava sob condenação; se os ouvidos de Deus estavam tapados ao clamor de Saul (v.6, 15,16), como sairia da glória o santo Samuel para prontamente atender a um chamado desse rei, via feiticeira? Se Deus se fizera inimigo de Saul, por que razão Samuel viria atender ao chamado? Que autoridade teriam um rei e uma feiticeira (ou, por extensão, que autoridade têm os médiuns) para convocarem os santos do Senhor?
3. A PROFÉCIA NÃO CUMPRIDA DE SAMUELDiz a Bíblia: Como conheceremos a palavra que o Senhor não falou? Quando o tal profeta falar em nome do Senhor, e tal palavra se não cumprir, nem suceder assim, esta é palavra que o Senhor não falou (Dt 18.21-22). Disse Samuel a Saul: E o Senhor entregará também a Israel contigo na mão dos filisteus, e amanhã tu e teus filhos estareis comigo (1 Sm 28.19).
Enquanto o pseudo Samuel estava discorrendo sobre fatos passados, acertou; mas no momento em que falou sobre acontecimentos futuros, foi um desastre. Ele disse: amanhã estareis comigo. Todavia, Saul não morreu no dia seguinte. Vejamos: Um dia se passou segundo relato em 1 Sm 29.10-11, (levantou-se no dia seguinte de madrugada); três dias se passaram, conforme 1 Sm 30.1 (chegaram ao terceiro dia a Ziclague); um dia se passou em 1 Sm 30.17 (desde o crepúsculo até à tarde do dia seguinte). Saul morreu cinco dias, no mínimo após a profecia de Samuel.
Disse mais Samuel a Saul: Tu e teus filhos estareis comigo (v.19). Os filhos de Saul eram, no mínimo, oito: Jônatas, Isvi, Malquisua, Merabe, Mical (1 Sm 14.49; 1 Cr 8.33), Armoni, Mefibosete (2 Sm 21.8), Abinadabe (1 Cr 8.33) Is-Bosete, cujo primeiro nome foi Esbaal (2 Sm 2.8). Todavia, apenas três morreram na batalha: Jônatas, Abinadabe e Malquisua (1 Sm 31.2,6; 1 Cr 10.2). Is-Bosete, por exemplo, passados cinco anos da morte de seu pai, reinou sobre Israel durante dois anos, (2 Sm 2.10; 4.7). Outra declaração contraditória: Estareis comigo. Por tudo que vimos Saul não foi para o mesmo lugar onde se encontrava Samuel, que estava no Paraíso, chamado seio de Abraão, na paz do Senhor. Outra inverdade proferida pelo falso Samuel foi que Saul cairia nas mãos dos filisteus (1 Sm 28.19). Saul suicidou-se (1 Sm 31.4-5).
4. OUTROS QUESTIONAMENTOSOra, se de fato Samuel apareceu naquela sessão como mensageiro do Senhor, suas profecias teriam sido cumpridas, na íntegra, quanto ao destino de Saul, ao dia da sua morte e ao número de filhos que morreriam na batalha.
Se Deus não falava com Saul pelos meios usuais ministério dos profetas e sonhos (1 Sm 28.15), não falaria através de um meio abominável. O surgimento do profeta naquela sessão espírita estaria legitimando uma nova prática de consulta aos santos do Senhor.
Por que, pois, a mim me perguntas? (1 Sm 28.16); Por que me interrogas (ou me inquietas) fazendo-me subir? (1 Sm 28. 15). Estas palavras levam-nos ao entendimento de que Samuel não viera a serviço do Senhor. Se o profeta estivesse ali em missão divina, jamais afirmaria que Saul o fez subir e falaria em nome do Senhor dos Exércitos. Se Samuel se apresentasse como mensageiro de Deus, como afirmam os espíritas, Saul estaria diante do interlocutor apropriado. Mas Samuel retrucou: Por que me interrogas?
Finalmente, se a prática de consultar os mortos tivesse sido validada por Deus, enviando o santo Samuel, não teria sentido a condenação de Saul, como está em 1 Crônicas 10.13: Assim morreu Saul por causa da sua infidelidade ao Senhor, e até consultou uma adivinhadora...
CONCLUSÃOUma coisa é muito clara: não foi o profeta Samuel quem apareceu a Saul. Alguém que profetizava em nome do Senhor não iria aparecer em uma reunião que Deus condena na Bíblia, conforme está escrito em Levítico 20:27 "Os homens ou mulheres que, entre vocês, forem médiuns ou consultem os espíritos, terão que ser executados. Serão apedrejados, pois merecem a morte".
Tudo leva a crer que um demônio ali se manifestou. Essa interpretação é reforçada pelos seguintes fatos adicionais, dentre outros já citados:
a) Saul desejou consultar uma mulher que tivesse o espírito de feiticeira (1 Sm 28.7), que literalmente significa uma mulher possuída de demônios, espíritos da mentira e do engano. b) O espírito do engano, no intuito de enganar a todos - a Saul, aos criados e à feiticeira apareceu com o semblante de Samuel e certamente imitou a sua voz. Por isso, ela se mostrou assustada (1 Sm 28.12). c) A afirmação estareis comigo, de Samuel, reforça o entendimento de que o diabo estava certo quanto ao destino de Saul. d) A interrogação por que me fizeste subir denota que esse Samuel estava em baixo, em regiões inferiores, para onde também iria o rei.
Em Lucas 16.19-31, Abraão negou o pedido do rico, em tormentos, para que mandasse Lázaro a Terra. E teria Lázaro à nobre missão de falar de salvação aos irmãos do rico. Nem assim foi possível. Abraão declarou que eles deveriam dar ouvidos à Palavra e aos profetas, meios usuais de comunicação. O rico também se viu impedido de sair do seu lugar. Logo, espíritos humanos, bons ou maus, estão impossibilitados de se apresentarem em sessões espíritas, sejam elas dirigidas por médiuns, feiticeiras, necromantes ou adivinhos.
FONTE: Compêndio Seitas e Heresias
- Deus permite a consulta aos mortos. Este não é um pecado tão grave;
- Os mortos podem ajudar aos vivos.
E agora? Como contestar estas versões? Quem apareceu de fato? O profeta Samuel? Um espírito demoníaco? Ou tudo não passou de uma fraude
Esta passagem bíblica tem sido muito usada pelos espíritas, na tentativa de legitimar a doutrina de comunicação entre vivos e mortos. Em defesa da fé cristã, apresentamos a seguinte análise, que não difere muito de tantos outros argumentos apresentados por estudiosos e comentaristas da Bíblia Sagrada.
Por sua rebeldia, Saul ficou entregue à influência demoníaca (1 Sm 16.14). A partir daí, perdeu o controle, foi tomado por ódio, inveja e ciúmes. Na sua fúria descontrolada, tentou matar Davi por mais de uma vez (1 Sm 18.9-12; 18.17; 19.1). Ele próprio declarou, desolado: Deus se tem desviado de mim e não me responde mais... (1 Sm 28.15).
Quanto a Deus não responder a pecadores, a Bíblia diz: Eis que a mão do SENHOR não está encolhida, para que não possa salvar; nem o seu ouvido, agravado, para não poder ouvir. Mas as vossas iniqüidades fazem divisão entre vós e o vosso Deus, e os vossos pecados encobrem o Seu rosto de vós, para que não vos ouça (Is 59.1-2). O egoísmo, a cobiça, o ciúme e a desobediência endureceram o coração de Saul de forma irreversível. Ele sentiu o desamparo de Deus. As condições para que Deus ouvisse a Saul seria que ele orasse, buscasse verdadeiramente a Sua face, e se arrependesse com sinceridade de seus maus caminhos (2 Cr 7.14).
Porém, como um abismo chama outro abismo (Sl 42.7), Saul, num último e desesperado gesto de desobediência, resolveu apelar para uma feiticeira na tentativa de falar com o profeta Samuel, já morto. Ora, tal expediente é condenado por Deus na Sua palavra: Não haja no teu meio quem faça passar pelo fogo o filho ou a filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro, nem encantador, nem necromante, nem mágico, nem quem consulte os mortos. O Senhor abomina todo aquele que faz essas coisas... (Dt 18.10-12). (grifo nosso)
Saul insistiu em ouvir a Deus por intermédio do profeta Samuel, que já havia morrido. Então, procurou uma feiticeira, uma necromante, uma mulher que incorporasse o espírito do profeta, uma mulher com dons mediúnicos: Buscai-me uma necromante, para que eu vá a ela e a consulte (1 Sm 28.7-a). Deus estaria sendo incoerente com Sua palavra se atendesse aos caprichos de Saul. Aqui surge a primeira evidência da impossibilidade de haver Samuel se apresentado na sessão espírita sob análise. Para lembrar: Em favor dos vivos consultar-se-ão os mortos? (Is 8.19). Logo, Deus não iria validar ou legitimar uma prática por Ele próprio condenada.
Além disso, uma das causas da morte de Saul foi por haver consultado a feiticeira de En-Dor (cidade da tribo de Manasses), conforme 1 crônicas 10.13-14. Não há como imaginar uma sessão espírita sendo enriquecida e abençoada com a presença de um mensageiro de Deus. Se consolidada e permitida tal prática, não precisaríamos mais buscar o Senhor. Em situações difíceis, cairíamos aos pés de uma feiticeira ou médium, e diligentemente se apresentariam a nós os santos servos do Senhor já mortos. Então, a Bíblia iria para o lixo e passaríamos a observar outro evangelho, quem sabe, O Evangelho Segundo o Espiritismo!
Disse mais Samuel a Saul: Tu e teus filhos estareis comigo (v.19). Os filhos de Saul eram, no mínimo, oito: Jônatas, Isvi, Malquisua, Merabe, Mical (1 Sm 14.49; 1 Cr 8.33), Armoni, Mefibosete (2 Sm 21.8), Abinadabe (1 Cr 8.33) Is-Bosete, cujo primeiro nome foi Esbaal (2 Sm 2.8). Todavia, apenas três morreram na batalha: Jônatas, Abinadabe e Malquisua (1 Sm 31.2,6; 1 Cr 10.2). Is-Bosete, por exemplo, passados cinco anos da morte de seu pai, reinou sobre Israel durante dois anos, (2 Sm 2.10; 4.7). Outra declaração contraditória: Estareis comigo. Por tudo que vimos Saul não foi para o mesmo lugar onde se encontrava Samuel, que estava no Paraíso, chamado seio de Abraão, na paz do Senhor. Outra inverdade proferida pelo falso Samuel foi que Saul cairia nas mãos dos filisteus (1 Sm 28.19). Saul suicidou-se (1 Sm 31.4-5).
Se Deus não falava com Saul pelos meios usuais ministério dos profetas e sonhos (1 Sm 28.15), não falaria através de um meio abominável. O surgimento do profeta naquela sessão espírita estaria legitimando uma nova prática de consulta aos santos do Senhor.
Por que, pois, a mim me perguntas? (1 Sm 28.16); Por que me interrogas (ou me inquietas) fazendo-me subir? (1 Sm 28. 15). Estas palavras levam-nos ao entendimento de que Samuel não viera a serviço do Senhor. Se o profeta estivesse ali em missão divina, jamais afirmaria que Saul o fez subir e falaria em nome do Senhor dos Exércitos. Se Samuel se apresentasse como mensageiro de Deus, como afirmam os espíritas, Saul estaria diante do interlocutor apropriado. Mas Samuel retrucou: Por que me interrogas?
Finalmente, se a prática de consultar os mortos tivesse sido validada por Deus, enviando o santo Samuel, não teria sentido a condenação de Saul, como está em 1 Crônicas 10.13: Assim morreu Saul por causa da sua infidelidade ao Senhor, e até consultou uma adivinhadora...
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