E, vendo a jumenta o anjo do SENHOR, deitou-se debaixo de Balaão; e a ira de Balaão acendeu-se, e espancou a jumenta com o bordão. | Então o SENHOR abriu a boca da jumenta, a qual disse a Balaão: Que te fiz eu, que me espancaste estas três vezes? | E Balaão disse à jumenta: Por que zombaste de mim; quem dera tivesse eu uma espada na mão, porque agora te mataria. | E a jumenta disse a Balaão: Porventura não sou a tua jumenta, em que cavalgaste desde o tempo em que me tornei tua até hoje? Acaso tem sido o meu costume fazer assim contigo? E ele respondeu: Não. | Então o SENHOR abriu os olhos a Balaão, e ele viu o anjo do SENHOR, que estava no caminho e a sua espada desembainhada na mão; pelo que inclinou a cabeça, e prostrou-se sobre a sua face.” Números 22:27-31
Não é nada natural alguém que tenha inveja de uma jumenta. Até mesmo daquela jumenta que foi usada por Deus diante do profeta Balaão, que falou com ele enquanto estava sendo espancada porque não queira seguir o caminho, pois diante deles estava um anjo com a espada desembainhada.
Aquela jumenta ficou famosa, mas não se aproveitou da fama. Não temos notícia de que ela tenha sido convidada para palestrar, pregar, realizar profecias histéricas, servir como atrativo para encher espaço reservado aos cultos, etc…
Imagino que se os empresários “gospels” de hoje tivessem uma oportunidade especial dessas, por certo aproveitariam para arrancar dinheiro dos admiradores de jumentas falantes.
Hoje os empresários "gospeis" transformariam a Jumenta de Balaão em personagem de TV.
Hoje, fama e poder são marcas daqueles que se apresentam nas igrejas. Eles querem ser tratados pelos títulos que conseguem, alguns com o investimento da própria igreja através dos dízimos, e que do nada passam a considerar-se seres especiais que devem ser tratados como astros do mundo gospel.
Essa atitude ambicionada por muitos e alimentada por tantos outros acaba transformando o que deveria ser simples em algo muito complexo.
Enquanto somos todos qual aquela simples jumenta, alguns se consideram muito melhores do que os outros, sendo capazes de aceitar tratamento diferenciado e acima do que deve receber um servo.
Aquela jumenta carregava o profeta. Mas naquele momento o profeta se desviou da sua função por causa daquilo que poderia conseguir com sua atividade. Então, tornou-se pior do que a jumenta, pois sendo profeta não percebeu a ação do anjo que lhe esperava, obrigando a pobre jumenta realizar uma proeza que foi a de falar com o profeta alertando sobre o perigo de morte que estava iminente.
Quando aqueles que se preparam para atuar como profetas se deixam envolver com as coisas deste mundo, correm o risco de sofrer os perigos iminentes consequentes dos envolvimentos pecaminosos. E terão muita sorte se aparecer uma jumenta para lhes apontar o perigo.
A jumenta não foi feita para falar, mas para carregar. Ela carrega as coisas do profeta e o próprio profeta. No entanto, quando o profeta modifica a naturalidade das coisas, o incrível pode acontecer inclusive de o profeta carregar a jumenta falante!
Seria uma inversão de posições. E tal coisa tem acontecido porque os profetas têm invertido suas posições no Reino de Deus. Aqueles que deveriam aconselhar perseveram no erro, produzindo o mal nos seguidores que acabam ambicionando os erros do profeta também.
E uma das consequências negativas que temos percebido diante desta situação é a diminuição do tempo que o profeta tem tido para explanar a Palavra de Deus. Outra está no fato de todos acabarem se considerando profetas. Por isso, no momento de culto, aquele que vai fazer os avisos, prega; o que vai orar, prega; o que vai cantar, prega; o que vai levar um copo d’água, prega; o que vai apresentar o pregador, prega. E na hora do pregador pregar não há mais tempo para que a mensagem seja entregue de maneira decente, e ele não prega!
Precisamos ser qual a jumenta de Balaão. Mas não podemos ficar buscando a fama e as honras. Antes, precisamos nos colocar nos nossos lugares, sabendo que a importância está na Palavra de Deus. Tentar usar a Bíblia para atrair para nós os louvores é loucura tal que nem a jumenta ousou fazer.
Alguns jamais perderiam a oportunidade de encher o espaço físico do prédio,separado pela igreja para o culto, por uma jumenta falante. Mas isso tem acontecido nos nossos dias e as pessoas nem percebem que são jumentas falantes, considerando que sejam homens de Deus.
Falta percepção e correta valorização daquilo que tem valor. Mas os enganados permanecerão enganados enquanto estiverem prostrados diante das jumentas falantes, ouvindo as sandices agradáveis que as criaturas adoram ouvir.
Enquanto isso o poder de Deus, o Evangelho, deixa de ser anunciado, fazendo que o povo se sinta atraído pelos entretenimentos que deixa repleta a igreja, mas que não produz a transformação das criaturas em filhos de Deus. Assim, a igreja vai crescendo conforme os clubes crescem sem contribuir para o crescimento do Reino de Deus. (ou será que estas igrejas estão é inchadas por doença?)
Alguns podem até ter muita admiração pelas jumentas falantes, mas precisam entender que nunca ouvirão das jumentas sobre o Poder de Deus que é o Evangelho, ouvirão apenas avisos esporádicos dos perigos que se apresentam, correndo ainda o risco de ouvirem coisas que a jumenta não disse ou entendendo diferente se ela disser.
Por isso existem muitos direcionando suas vidas e das igrejas de maneira equivocada, porque estão dando ouvidos às jumentas, enquanto deveriam conferir o que a Bíblia diz. Afinal, se temos como conferir na Palavra de Deus, por que abusaríamos da sorte, ouvindo as jumentas?!
É preciso que se levantem com urgência aqueles que podem falar como homens de Deus, principalmente diante das gritarias produzidas pelas jumentas deste século.
Publicado originalmente em Servo é para servir!
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