Conforme vimos nos artigos anteriores o povo Judeu estava sob um triste domínio de outras nações desde o final do Antigo Testamento. Algumas delas até que foram generosas com os Judeus, como no caso de Alexandre, o Grande, mas outros governantes foram muito maléficos em seu domínio.
O domínio de Antíoco IV, que era conhecido como Epifâneo (Que se manifesta com esplendor), mas que também era chamado de Epimanes (o louco) por alguns, provavelmente foi o mais triste para os Judeus, ao menos para aqueles que desejavam seguir suas leis e tradições.
Ocorre que Antíoco Epifâneo, rei da Síria Selêucida, realizou a substituição do sacerdote de Jerusalém com a saída de Onias III para a colocação de Jasom que era helenizante e depois para Menelau (que talvez nem fosse da linhagem sacerdotal), depois ergueu um ginásio onde jovens judeus passaram a praticar exercícios da mesma forma que os gregos faziam, incentivou teatros gregos, vestimentas gregas e toda cultura grega tentando assim helenizar os judeus.
Entendam que mesmo sob o domínio de outros povos, os Judeus sempre haviam conseguido manter seu sumo-sacerdote de Jerusalém numa linhagem levítica e nunca um rei havia se intrometido nas questões da religiosidade Judaica. Agora Antíoco Epifâneo estava tentando destruir a religiosidade judaica. Esta substituição visava enfraquecer os princípios Bíblicos e flexibilizar as outras alterações que ele desejava realizar e que acabou fazendo.
Entendam que mesmo sob o domínio de outros povos, os Judeus sempre haviam conseguido manter seu sumo-sacerdote de Jerusalém numa linhagem levítica e nunca um rei havia se intrometido nas questões da religiosidade Judaica. Agora Antíoco Epifâneo estava tentando destruir a religiosidade judaica. Esta substituição visava enfraquecer os princípios Bíblicos e flexibilizar as outras alterações que ele desejava realizar e que acabou fazendo.
Entre saques aos tesouros do Templo de Jerusalém e aumentos dos impostos, Robert Grundy em seu livro Panorama do Novo Testamento apresenta que através de determinações de Antíoco Epifâneo tornou-se ofensa capital circuncidar os meninos judeus, observar a guarda do sábado, celebrar as festividades judaicas como a Páscoa e o Pentecostes ou possuir cópias do Tanak (Antigo Testamento).
Notório é que muitos manuscritos foram destruídos nesta época e que, além de procissões em honra a Dionísio, um altar a Zeus foi construído dentro do Templo de Salomão! Não nos esquecendo dos sacrifícios de animais impuros, como porcos que foram realizados dentro do templo.
Alguns judeus tentavam manter acesa a chama de sua fé religiosa e por isto Antíoco Epifâneo não parava nem recuava. Seu ódio pelos judeus e sua religiosidade só aumentava e a situação para aqueles que desejavam permanecer fieis às leis e tradições era bastante difícil.
Também é notório que nem todos os judeus sofriam desta forma, os helenizantes, que aceitavam passivamente a paganização de sua cultura e religião, não sofriam como os Hasidim (os que se mantinham fiéis).
Fazendo uma breve comparação com os dias de hoje, também vemos que os “cristãos” que aceitam passivamente a paganização de nossos princípios e religiosidades não sofrem tanto quanto nós que defendemos ativamente o combate a paganização e desvios doutrinários que tanto assolam nossas igrejas evangélicas. Este adendo é interessante porque demonstra que, como sempre, a história se repete.
Voltando ao relato histórico, vemos que esta situação insustentável, aos judeus que desejavam permanecer fieis às leis e tradições, acabou por colocá-los numa situação desesperadora, ou pereceriam em nome da fé, ou renegavam sua religião e seriam absorvidos pela religião e cultura do império, ou como última e escolhida opção lutavam pelos seus ideais. Não havia outra opção e para quem era fiel às leis e tradições religiosas era melhor morrer lutando do que renegar a Deus.
Nesta situação, havia um pequeno lugarejo entre Jerusalém e Jope chamado Modim. Um lugarejo tão remoto que até aquela época praticamente não aparecia em mapas e citações. Nesta cidade um velho e muito querido sacerdote de nome Matatias, filho de Simão, neto ou bisneto de Hasman da descendência direta de Arão, irmão de Moisés, junto com seus cinco filhos Judas, João, Simão, Eleazar e Jônatas, foi procurado por emissários do rei Antíoco Epifâneo exigindo que ele oferecesse sacrifícios aos deuses gregos em público, na frente de toda população.
Vejam a petulância dos emissários reais. Eles não só haviam profanado o Templo de Jerusalém como queriam que todos os sacerdotes, mesmo aqueles das cidades mais remotas, negassem publicamente a Deus e desta forma deixassem de ser referência para o povo que ainda servia a Deus.
Suposta imagem de Judas Macabeu |
Matatias terminantemente se recusou a fazer isto e devido a esta negativa o emissário do rei ameaçou-lhe de morte. Para evitar que Matatias fosse morto outro judeu se ofereceu para fazer o sacrifício em seu lugar. Matatias então, junto com seus cinco filhos, matou este judeu que temeu mais ao rei do que a Deus e matou também os emissários do rei. Depois disto, Matatias destruiu o altar grego que já havia dentro da cidade, conclamou os demais fieis daquela cidade à luta e fugiu com famílias inteiras para a região montanhosa de Israel. Nesta fuga
se uniram a eles outros Hasidim de várias partes de Israel que sabendo da ação deste sacerdote entenderam que era a hora de se fazer algo ou todos iriam perecer. Este foi o início da Guerra dos Macabeus.
Logo depois do início da guerra dos Macabeus, o sacerdote Matatias ficou doente e morreu, porém
antes de morrer, passou o comando de seu grupo rebelde aos olhos do rei e fiel aos olhos de Deus a seu filho chamado Judas.
Judas era a pessoa certa no lugar certo para fazer frente aos inimigos dos judeus naquela época. Deus não levanta alguém para Sua obra sem capacitá-lo completamente. As conquistas foram tantas que o nome que é dado a esta revolta (Revolta ou Guerra dos Macabeus) se deve exatamente aos feitos heróicos deste guerreiro.
Lembrem-se que a família era de sobrenome Hasman. Teoricamente, se fossemos pegar pelo sobrenome, a guerra deveria ser conhecida como a guerra dos Hasmoneus. O sacerdote Matatias morreu sem que o nome Macabeu tivesse sido empregado para a descrição de sua família, no entanto, o servo fiel que Deus levantou era como um martelo que implacavelmente destruía todos os inimigos de Deus que apareciam em sua frente. Este foi Judas Hasman e por isto o apelido de Macabeu que foi dado a ele, ao seus irmãos e descendentes e a todos os que lutaram aquela guerra.
Como curiosidade podemos citar que é exatamente por causa de Judas Macabeu que no Novo Testamento existem tantos Judas. Ocorre que, assim como hoje, é muito comum que os pais escolham nomes dos heróis nacionais para seus filhos e foi isto que aconteceu com o nome de Judas. Também é curioso entender que é exatamente devido a Judas Macabeu que os Judeus imaginavam que quando Deus enviasse o Cristo este viria como um grande guerreiro e que iria ser coroado como Rei destruindo todos os outros reinos.
Deus sempre levanta um servo fiel dentre Seus servos fieis para liderar um trabalho de restauração dentre o povo que se chama pelo Seu Nome. Assim foi no passado, assim é no presente e assim será até a volta de Jesus. Podemos passar por lutas, tribulações e perseguições, mas temos que ter a certeza inabalável de que Deus é por nós.
Judas Macabeu derrotou o exército do general Apolônio que devido à morte do emissário e os relatos da fuga para as montanhas havia sido comissionado para perseguir e matar os revoltosos pelo rei Antíoco Emifâneo. Posteriormente o exército do general Serão, um contingente ainda maior do que o exército de Apolônio e que foi enviado para matar os revoltosos devido ao exército de Apolônio ter sido destruído, foi humilhantemente derrotado.
Depois foi a força comandada por Lísias onde três generais (Ptolomeu, Nicanor e Górgias) também não resistiu a força e estratégia empregada pelos Macabeus, força esta vinda de Deus e os generais fugiram humilhados.
No ano seguinte o próprio Lísias com um exército ainda maior se apresentou para combater Judas e seu exército, este também foi derrotado, tendo batido em retirada com os poucos soldados que lhe restaram.
Judas e seu exército marcham para Jerusalém, tomam a cidade, dominam a guarnição que vivia na cidadela de Acra, limpou Templo e ordenou que um novo altar fosse construído no lugar daquele que havia sido profanado e que novos objetos sagrados fossem feitos. Quando o fogo foi devidamente renovado sobre o altar e as lâmpadas dos candelabros foram acesas, a dedicação do altar foi celebrada por oito dias entre sacrifícios e músicas. Aliás, até hoje os judeus comemoram a festa Hanukah (ou Chanucá = consagração) relembrando exatamente deste momento histórico de Judas Macabeu.
As igrejas evangélicas de hoje em dia que possuem aqueles candelabros em seus altares estão realizando uma homenagem a Judas Macabeu e a re-consagração do Templo de Jerusalém.
Judas Macabeu não parou, ele lutou contra os Amonitas, Moabitas, Samaritanos, Galileus, Árabes, Filisteus e outros tantos. De forma análoga ao Rei Davi, Judas subjugou todos os inimigos de Israel garantindo a independência da Judéia.
Como todo ser humano, um dia Judas morreu. Ele morreu em combate em 160 a.C. e foi sucedido por seu irmão Jônatas que herdou o apelido Macabeu e criou a linhagem dos Macabeus.
Depois de todas as lutas e da morte de Judas Macabeu, Jônatas continuou suas guerras até que em 143 a.C. outro irmão de Judas, Simão, foi reconhecido por Demétrio, que era um pretendente ao trono da Síria, como líder da Judéia havendo então o fim do domínio externo sobre Israel.
Para entender o porque de ter sido Simão e não Jônatas declarado líder da Judéia temos que compreender que Jônatas e Simão declaravam-se, presunçosamente, sucessores de Judas. Matatias antes de morrer havia deixado claro que seu sucessor seria Judas e por isto ninguém questionava a liderança de Judas, já quando este faleceu não havia deixado nenhum outro como sendo seu sucessor e por isto os 2 irmãos mais velhos brigavam para serem o sucessor.
Jônatas havia começado a reconstruir as muralhas danificadas e os edifícios de Jerusalém, ele assumiu também o ofício de sumo sacerdote. No ano de 142 a.C. Simão conseguiu de Demétrio a isenção de todos os impostos, o reconhecimento de sua pessoa como o grande sumo sacerdote e a liberdade política. Desta forma, sob a liderança de Simão, a Judéia se tornou independente reunindo na pessoa dele a liderança religiosa, militar e política.
Este foi o fim da guerra dos Macabeus, foi o fim de todo o domínio externo sobre Israel e foi a completa realização de todas as profecias bíblicas do Antigo Testamento que falavam da volta do povo de Deus a suas terras e a restauração da glória de Israel.
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