Finalizando o nosso primeiro estudo sobre os livros da Bíblia apresentamos a quarta parte do livro de Gênesis. Esta parte mostra-nos a história de José, filho de Jacó, neto de Isaque e bisneto de Abraão.
Se ainda não teve oportunidade, não deixe de ler as outras partes deste estudo: Gênesis – Parte 1; Gênesis – Parte 2; Gênesis – Parte 3
Quarta parte do livro:
A quarta e última parte do livro de Gênesis conta a história do último Patriarca que foi José, filho de Jacó.
O texto que vai de Gênesis 37 até Gênesis 50 é uma obra prima da literatura antiga. Muitos teólogos chegam a considerar que a narrativa dramática, completa e emocionante, que possui um bom início, um meio coerente, cheio de surpresas e emoções e um final espetacular que prende o leitor do início ao fim da leitura seria característica do surgimento de uma nova forma de relatos.
Deixando de lado os textos que são basicamente relatórios históricos o texto sobre a história de José poderia ser classificado como pertencendo ao gênero literário do romance ou até mesmo novela.
José foi o décimo primeiro filho de Jacó, e o primeiro filho de Raquel (segundo os relatos de Gênesis 30:24 e 35:24), ele era o filho favorito do patriarca (segundo Gênesis 37:3) a história de José é uma das mais gráficas e atrativas do Antigo Testamento. Ela conta como um menino mimado vendido ao Egito como escravo devido à inveja de seus irmãos, que saiu-se admiravelmente bem na adversidade, e que de um aprisionamento injusto se elevou ao mais alto ofício governamental do Egito. Conta ainda como ele, mediante planejamento sábio conseguiu evitar que a tremenda fome que se abateu sobre o mundo atingisse o povo egípcio e também a sua família. Segue-se no texto mostrando a reconciliação dele com seus irmãos e a família se estabelecendo nas pastagens de Gósem, no nordeste do delta do rio Nilo. Depois de sepultar Jacó, seu pai, em Canaã, José ordenou que seus ossos, igualmente deveriam ser levados para ali, quando os descendentes de Israel eventualmente tivessem que deixar o Egito para irem para a terra prometida.
4.1 A capa de muitas cores:
Jacó tinha 12 filhos: Rúben, Judá, Efraim, Levi, Issacar, Zebulom; Dã, Naftali, Gade, Aser, José e Benjamim, além de suas filhas. Destes José era nitidamente o filho predileto. Provavelmente por ser o primeiro filho gerado por Raquel que era sua esposa amada e por quem havia trabalhado durante 14 anos para seu sogro Labão.
Mesmo sendo mostrado como um dos Patriarcas do povo escolhido por Deus, a Bíblia mostra que Jacó não era perfeito. Ele não tratava igualmente a seus filhos e tinha uma predileção por José que gerava inveja em seus outros filhos. Este relato é interessante para que possamos compreender que Deus usa homens imperfeitos para cumprir Seus planos perfeitos.
Hoje em dia muitas denominações evangélicas tentam demonstrar-se como sendo absolutamente perfeitas, outras tantas gostam de condenar qualquer membro que seja apanhado em uma imperfeição, como se a perfeição humana fosse condição básica para sermos salvos. Ao contrário, a Bíblia demonstra claramente que o ser humano é imperfeito e peca desde que Adão e Eva pecaram. Não há um ser humano perfeito e José não foi exceção a isto.
A parcialidade de Jacó em favor de José foi assinalada pela “túnica talar”. A expressão כתונת הפסים no hebraico pode significar túnica de muitas cores ou também túnica de mangas longas. De qualquer forma, esta seria uma roupa melhor, mais bonita, mais cheia de detalhes. Lembremo-nos que naquela época as roupas eram pouco mais do que pedaços de pano grosso sem grandes detalhes. Apenas reis governantes usavam roupas especialmente feitas com detalhes, as de toda população mundial eram muito simples. Também é notório que não se tinha o hábito de trocar de roupas constantemente. Portanto, a roupa era usada até que ficasse extremamente puída e velha sendo então substituída por outra que teria a mesma utilização.
Certamente este diferencial criou nos irmãos de José um sentimento muito ruim com relação ao jovem e por isto já não gostavam dele.
4.2 Os sonhos de José:
Deus revelou o futuro a José, já preparando-o para o que viria a ocorrer em sua vida, porém José contou seu sonho aos irmãos que já o odiavam e por isto o odiaram mais ainda. O primeiro sonho é relatado em Gênesis 37:7 “Eis que estávamos atando molhos no meio do campo, e eis que o meu molho se levantava, e também ficava em pé, e eis que os vossos molhos o rodeavam, e se inclinavam ao meu molho.”
Certamente a inocência de José não deixou-o pensar sobre o que estava falando. Da forma que ele relatou, os irmãos só poderiam ter mais inveja e ódio, mesmo que José nem tenha pensado no que este sonho poderia gerar em seus irmãos.
Logo depois a Bíblia relata o segundo sonho de José, desta vez em Gênesis 37: 9 “Eis que tive ainda outro sonho; e eis que o sol, e a lua, e onze estrelas se inclinavam a mim.”
Se havia alguma dúvida na cabeça dos irmãos sobre o que era o primeiro sonho, o segundo fez com que esta dúvida sumisse. Agora José estava relatando claramente que eles iriam se prostrar perante eles, e inclusive seus pais iriam se inclinar perante ele. Isto fez com que os onze intentassem matar José.
Uma grande lição pode e deve ser tirada desta passagem. Quando Deus nos revela alguma coisa, devemos tomar cuidado em não ficar relatando isto aos outros, pois isto pode gerar inveja e ódio em quem estiver ouvindo, mesmo que sejam nossos irmãos. Se Deus revelou algo sobre nosso futuro para nós, que mantenhamos isto guardado até que, no tempo de Deus, as coisas se concretizem.
4.3 A venda de José:
Jacó mandou seus filhos cuidarem do rebanho e deixou o mimado garotinho em casa. Algum tempo depois Jacó resolve pedir a José que veja como estão os irmãos dele e assim José foi a procura dos irmãos que, vendo-o de longe, resolveram que iriam aproveitar a oportunidade e matar o sonhador.
Primeiro lançaram-no numa cova e depois, vendo que passava uma caravana de mercadores, venderam-no como escravo, sendo que sua túnica foi rasgada pelos irmãos e tomada dele.
Assim José agora era um escravo vendido por seus próprios irmãos para mercadores a caminho do Egito. E sua túnica foi suja com sangue para que Jacó acreditasse que José havia sido morto por uma fera selvagem.
Jacó lamentou profundamente durante dias e ninguém conseguia consolá-lo. Certamente que isto demonstra claramente que José era o filho predileto de Jacó.
Porém, até mesmo nesta adversidade os planos de Deus não foram interrompidos. Os irmãos de José acreditavam que agora estavam livres dos sonhos de José, mas na verdade eles apenas tinham direcionado as coisas para que os sonhos viessem a se tornarem realidade.
4.4 Escravo de Potifar:
O capitão da guarda do Faraó era Potifar e os mercadores midianitas venderam José a este como um escravo qualquer. No entanto Deus estava com José e tudo que Potifar mandava ele fazer se tornava um sucesso. Na verdade todos que somos verdadeiramente servos do Senhor temos esta marca em nós. Qualquer coisa que façamos sempre será abençoada, mesmo que sejamos servos de outros estes também serão pessoas abençoadas por Deus.
Potifar, que não temia a Deus mas que reconhecia que José era alguém abençoado, foi entregando toda administração de suas coisas a José que, desta forma, se tornou administrador de tudo que Potifar possuía.
Só que a esposa de Potifar começou a se engraçar com José. Achando-o um rapaz atraente a esposa de Potifar resolveu que queria se deitar com ele e aproveitou uma oportunidade para ter este relacionamento extra conjugal. José se recusou e não pecou, mas a mulher conseguiu arrancar suas roupas e com raiva dele chamou os guardas que pegaram-no nu nos aposentos daquela senhora.
Como o ser humano é apressado em julgar e gosta de condenar os outros, mesmo sem ter provas concretas das acusações, os guardas concluíram que o que a mulher de Potifar falava era a verdade.
A cena era realmente favorável a mulher de Potifar. Ela não tinha nada a perder. Havia tentado trair seu marido com o jovem hebreu e já que este recusara-la ela, que já estava semi-nua arrancou a roupa de José e gritando fez com que os guardas achassem que ele realmente tinha tentado violenta-la sexualmente.
Por este motivo José foi preso. As circunstâncias não deixavam dúvidas de que José era culpado, mesmo ele sendo inocente.
4.5 No cárcere:
Mas Deus continuava com José. Isto é que é maravilhoso! Mesmo nos piores momentos de nossas vidas, Deus está sempre conosco. Basta que busquemos a Ele, que encontraremos sempre um Deus que é fiel.
Tudo que José fazia também prosperava, mesmo no cárcere. José havia sofrido nas mãos de seus irmãos, havia sido vendido como escravo e agora era preso injustamente por um crime que ele não havia cometido, mas mesmo assim, Deus não o abandonara e ainda cuidava e usava ele.
No cárcere ele pode conhecer o copeiro do Faraó que havia sido preso também e que ao ter um sonho contou-o a José que interpretou segundo o que Deus revelava. Desta forma se cumpriu a interpretação e o copeiro voltou a seu serviço, mas agora havia um homem junto ao Faraó que conhecia a história de José e sabia que Deus era com ele.
4.6 De escravo prisioneiro a Governador:
Deus faz milagres em nossas vidas. Quando tudo parece perdido, quando tudo parece sem chances de dar certo. Quando os sonhos dados por Deus parecem que jamais irão se realizar e quando os caminhos humanos chegam a beira do impossível, Deus então age fazendo maravilhas de forma simples e rápida.
Assim foi com José. Ele era um escravo, estava agora preso sob uma acusação terrível, estava longe de sua família. Seus pais achavam que ele estava morto há muitos anos. Tudo estava contra José, menos Deus! E isto faz toda diferença!
Dois anos se passaram e José preso injustamente. O Faraó então teve um sonho e não havia quem conseguisse interpretá-lo. O copeiro então contou-lhe sobre José e o Faraó mandou chamar José da prisão.
José então dando toda glória e honra a Deus informa ao Faraó qual era a interpretação daquele sonho com sete vacas gordas e sete vacas magras. Devido a isto José se torna governador do Egito.
Sua capacidade de administração foi tanta que fez com que o Egito conseguisse se preparar durante os 7 anos de fartura para conseguir sobreviver aos sete anos de fome e seca. Isto fez com que as nações vizinhas tivessem que apelar a ajuda do Egito para conseguirem sobreviver durante aqueles terríveis anos de seca e fome. Desta forma muitos recursos foram adicionados aos cofres do Egito, povos famintos davam tudo que tinham para conseguirem sobreviver àquela fome terrível.
4.7 O perdão aos irmãos:
Também foram até o Egito os filhos de Jacó. José reconheceu seus irmãos de imediato, mas estes nem suspeitavam que era José que estava governando o Egito. José manda que eles tragam junto com eles seu irmão mais novo, Benjamim.
José manda preparar um banquete para seus irmãos e tem que se esconder para chorar de emoção de ver todos os irmãos ali reunidos junto com ele.
Isto é um coração segundo a vontade de Deus. José não nutriu uma raiva contra seus irmãos, José não intentou fazer com seus irmãos o mesmo que estes fizeram contra ele. José pagou o mal com o bem.
Isto agrada ao Senhor!
Quantas vezes somos tentados a retribuir o mal que fazem contra nós com outro mal, as vezes até maior do que o que sofremos? Quantas vezes queremos que alguém que nos fez sofrer, sofra também? Esta não é a vontade de Deus. Jesus falou sobre isto no famoso texto de Mateus 5:39 onde encontramos sobre “dar a outra face”. José fez exatamente isto!
Quando formos traídos, escarneados, injustiçados, perseguidos… devemos sempre ter em mente que Deus está no controle e se alguém irá fazer justiça, este será Deus e não nós. Se assim agíssemos muitas brigas e guerras deixariam de existir, se o povo judeu de hoje em dia seguisse o exemplo de José, não teríamos estas guerras na palestina.
Conclusão do livro:
José então salva seu pai Jacó e toda sua família da fome, dá uma próspera área de terras junto ao rio Nilo para que os hebreus pudessem viver ali e estabelece a paz dentre seus irmãos.
Os sonhos dados por Deus se cumpriram na vida de José. Mesmo tudo tendo parecido impossível, o Deus do Impossível fez o impossível acontecer naquela vida.
Que você também possa sentir o impossível de Deus atuando em sua vida, que este estudo em Gênesis tenha feito com que você enxergue com outros olhos os textos da Bíblia. Se ainda não teve a oportunidade de ler a Bíblia, comece hoje mesmo e verás que são histórias lindas que nos mostram como um Deus cuidadoso, amoroso, justo e bom cuida dos Seus de uma forma toda especial, trazendo-os de volta para Si mesmo e, mesmo sabendo que irão pecar novamente, jamais desiste dos Seus.
Fique na Paz do Senhor e em breve teremos os estudos sobre o livro de Êxodo.
Este estudo foi elaborado e publicado por André Ricardo
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